Novo Banco – Velhos Costumes
Cenário:
Maio de 2020…
A Economia está parada (ou perto disso) e a Dívida Pública vai, com toda a certeza, disparar para números preocupantes.
As empresas estão a ter prejuízos avultadíssimos, estranguladas ou a fechar. Cerca de 100.000 delas aderiram ao Lay-off. Mais de 1 Milhão de trabalhadores foram obrigados a ir para casa e existem à volta de 80.000 novos pedidos de Subsídio de Desemprego.
1 Milhão de pessoas vivem com menos de 250 Euros por mês… 2 Milhões com menos de 450€ … e estima-se que os Bancos Alimentares apoiem cerca de 380.000 pessoas.
Mais de 1.000 famílias já pediram empréstimos ao IHRU para pagamento de rendas e há hoje 103.000 contas Low-cost no sistema bancário.
Os portugueses já têm a sua vida “virada do avesso” e ainda vêm aí tempos muito difíceis. Tempos em que todos teremos que ir à luta… refazer… teimar. Tempos em que cada um terá que assumir as suas responsabilidades… de trabalho… de crença…de solidariedade.
O Estado à cabeça!
…..
Maio de 2020…
Depois de 792 Milhões de Euros em 2018 e de 1.149 Milhões de Euros em 2019, o Estado Português acabou de cumprir uma terceira tranche contratual de apoio e financiamento de um Banco, no valor de 850 Milhões de Euros, o que perfaz um total de 2.791 Mil Milhões de Euros, apenas em 3 anos.
É verdade que existe um contrato com o Estado que prevê medidas de financiamento e apoio à revitalização e recuperação do Novo Banco… mas também é igualmente verdade que o que se espera de um banco que está a receber continuamente dinheiro do bolso de contribuintes, já de si empobrecidos e sem liquidez, é que tenha a decência de participar ativamente no esforço coletivo e o bom senso de se comportar com responsabilidade.
Pois bem, depois de prejuízos no valor de 1.413 Milhões de Euros em 2018 e de novos prejuízos de 1.059 Milhões em 2019, a equipa de 7 pessoas que constitui a administração do Novo Banco foi aumentada em 2,3 Milhões de Euros, no final do ano passado.
Mais! Como, ao abrigo do contrato assinado entre o Estado e o Fundo de Resolução, está impedida de receber remuneração variável antes de concluído o plano de restruturação (2021), a administração do Banco anunciou já um montante de quase 2 Milhões em bónus (prémios de desempenho) a pagar aos seus executivos depois de 2021, ultrapassando assim o mecanismo de restrição contratual.
Sem comentários…
Talvez fosse boa ideia criar um mecanismo legal que obrigasse os partidos a inscrever nos seus programas eleitorais que medidas preconizam perante eventuais problemas na banca e qual o seu compromisso com os contribuintes nessa matéria.
Não quero fazer aproveitamentos circunstanciais por via da Pandemia, nem populismo barato, nem sequer especular cenários perante um contrato que já estava assinado e uma realidade que era inevitável. O Estado estava contratualmente obrigado a transferir a verba!
Mas o ponto é mesmo esse… equacionar a eficácia e, sobretudo, a justiça de tudo isto.
A verdade é a verdade… em Portugal existem 4,5 Milhões de contribuintes ativos. Na semana passada, asfixiados num turbilhão de dificuldades e problemas, cada um deles ofereceu de mão beijada mais 189 Euros aos senhores do Novo Banco!
É que, segundo dados divulgados há dias, e excluindo as empresas, existem em Portugal cerca de 4,5 Milhões de contribuintes ativos e o valor desta nova tranche foi de 850 Milhões.
Como alguém disse em tempos… é fazer as contas!
Alexandre Nascimento
Presidente da Comissão Política Distrital de Lisboa
Partido ALIANÇA
Pode ler (aqui) outros artigos de opinião de Alexandre Gomes do Nascimento.
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